domingo, 14 de junho de 2009

QUE GIRE A RODA, QUE FOI DADA A CORDA

Quatro e meia da manhã. Os carros já se ouviam. Alguns. Em verdade, quase nenhum. Tão poucos, que seus sons entravam em dissonância com a harmonia doce do silêncio. Pássaros nem pensar, que estes davam o ar de sua graça mais tarde. Céu chumbo com nuvens apessegadas e um cheiro gelado que queimava agradavelmente o espírito. Não dava para se saber como seria o dia e ainda teria muito dia pela frente. Mas passaria rápido, porque todos os dias, há muito tempo, que se passavam rápido, cada dia mais, talvez desde que eu tenha percebido isso ou, talvez até, desde sempre. Sei lá. O bom era saber que, a estas horas, as maldades e catástrofes dormiam, talvez não todas. Quem dera poder parar o tempo aí, onde tragédias estariam adormecidas. Não se despertaria, não se sairia de casa, não se iria ao trabalho, não se faria nada... Pensando bem, esta talvez fosse uma tragédia maior, um mundo adormecido, sem sentido(s). Que o mundo acorde. Que passem as horas. Que gire a roda, que foi dada a corda.

5 comentários:

aluisio martinns disse...

"Pensando bem, esta talvez fosse uma tragédia maior, um mundo adormecido, sem sentido(s). Que o mundo acorde. Que passem as horas. Que gire a roda, que foi dada a corda."
Tradução perfeita e poética e linda do viver de cada dia.

Alessandra Safra disse...

pensando bem, que você não pare nunca de escrever.
que gire o mundo que eu quero mais.
adorei seu blogue.
vc em pegada-nas-palavras

Steel disse...

Bacana isso, hein? a propósito bem vinda ao meu blog.

Brasil Desnudo disse...

O tempo na para, como a vida segue...
Como pensar em tempo e vida, sem que elas(e) nos siga sem atormentar todas nossas expectativas...
Vivê-la intensamente como uma ingrenagem complexa, mas que não para e continua sempre, perpetuando am nossas vidas.

MARCIO RJ

aluisio martinns disse...

"O bom era saber, que a estas horas, as maldades e catástrofes dormiam, talvez não todas. Quem dera poder parar o tempo aí, onde tragédias estariam adormecidas."
Quem dera, pri, fossem todos como vc.
beijo