segunda-feira, 2 de março de 2009

COMO SEMPRE TÃO SÓ (GURI 2)

Vive ora de prazeres pequenos e esperanças grandes,
Ora de prazeres grandes e esperanças pequenas.
Tranca-se pra viajar e faz viagem pra não voltar.
Desmonta castelos de pedra para erguer lar de areia.
Guri nem entende mais o que sente,
como sempre perdido,
como sempre moleque,
como sempre tão só.

Ora despe as cores do dia, vestindo as nuances da noite,
Ora desnuda a sombra da noite, para cobrir-se no véu do dia.
Faz de conta que o mundo acaba pra acabar com o mundo de faz de conta.
Brinca com fogo porque quer se queimar.
Guri é assim, sabe que sim,
como sempre ardente,
como sempre pulsante,
como sempre tão só.

Ora fecha os olhos, abrindo a alma
Ora fecha a alma, abrindo os olhos.
Pega o presente com as mãos pra cumprimentar o passado
E diz pro futuro: eu me perdi.
Guri não tem pressa,
Como sempre ausente,
Como sempre se sente,
Como sempre tão só.

Ora se crê gigante para entender o pequeno,
Ora se entende pequeno para crer no gigante.
Chateia-se com porquês, porque já sabe as respostas.
E responde a todos com perguntas mortas.
Guri não é ortodoxo,
Como sempre paradoxo,
Como sempre tão nó,
Como sempre tão só.

Ora dialoga com seus fragmentos, casando os pedaços,
Ora se despedaça, fragmentando diálogos já descasados .
Mas ainda ri, que não quer chorar.
E ainda chora, pra não congelar.
Porque guri sabe que já não abraça o seu abraço,
Como sempre sem laço,
Como sempre dormente,
Como sempre tão só.

6 comentários:

Mário Cesar Filho disse...

seria um personagem real?
Porque por vários momentos me vi retratado. Lindo o texto. bjs

Priscila Lacerda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Priscila Lacerda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Priscila Lacerda disse...

Sim. Mas acho que pode ser qualquer um. :)

Priscila Lacerda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Priscila Lacerda disse...

Sim. Mas acho que pode ser qualquer um. :)