quinta-feira, 26 de março de 2009

EU NÃO ACREDITO EM OUTRA VIDA

Eu não acredito em outra vida porque “outro” pressupõe a existência de algo anterior, primeiro e, sem querer ser do contra ou desiludir quem precisa de ilusão, não creio nem na existência da primeira vida.
Não me estranhem mas, de fato, o ser humano vive cada dia da sua existência, considerando o “outro” dia como aquele em que fará aquilo que devia ter feito antes. E nesta sequência ilógica de erros malditos, não vive um dia sequer, realiza pouco ou quase nada.
Não acredito naquilo que se realiza pouco, porque o que pouco se realiza, na verdade, nem chega a existir, de tão incompleto que é.
Somos tão cegos e enxergamos tão pouco que há quem se sinta completamente realizado, achando que encontrou a tal felicidade, o tal amor, sem perceber que nem saiu de si mesmo, que só encontrou o que já existia dentro de si e que é apenas a ínfima parte do que poderia ser. Tão logo pega com as mãos o sonho alcançado, se cansa, porque, em essência, o tudo que se encontra é quase sempre quase nada. O tudo que poderia ser é extra-vida.
Somos seres humanamente iludidos e assim tem que ser, verdade seja dita, porque senão teríamos vontade de jogar fora a nossa falsa vida. A vida é um sono profundo. Viver é dormir para a realidade intangível.
Há aqueles que acordam no meio do sono ou nem dormem. São os lunáticos, suicidas ou poetas.

Um comentário:

Calvin disse...

A idéia central residiria no viver o agora. Mas como é difícil nos concentrarmos nele!
Nossa mente voa, nosso corpo flutua... Tudo parece inalcançável porque na verdade, sempre buscamos a realização de nossos sonhos que, como bem ilustra o texto, reside em nós mesmos...!!
Perfeito..!!!