domingo, 1 de fevereiro de 2009

MON AMOUR, MON AMI


Vamos jogar fora as palavras. Hoje é dia de ficar mudo. Vamos agarrar o silêncio que tem dito mais, ou quase tudo. Vamos descobrir algo novo, arranjos sonoros que não chegaram a ser, imagens que não se revelaram, ardendo na volúpia que se enrosca e que me toca e que te toca e dá prazer. Vamos encontrar razões desarrazoadas, doidas varridas à luz de lampião de querosene. Vamos erigir mundos, cair em precipícios, libertar almas, aprisionar corações. Vamos ter pés descalços e mãos despalmadas descortinando nossas retinas, retinindo nossos sons, somando nossas lascívias e lacerando nossas memórias. Vamos inventar outra história, rastrear nossos cheiros, desmaterializar o sexto sentido que há muito se rarefez. Vamos enlanguescer nossas pernas, entreabrindo pudores, enlevando as entranhas que enleiam nossas castidades. Não vamos pedir palavras. Hoje não. Vamos pedir silêncio cortado à francesa...et je ne sais pas pourquoi...mon amour, mon ami...

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