segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

SER RECEBIDA POR FLORES


Ah...! As flores não me receberam! Tive pena delas porque não sentiriam meu cheiro, não tocariam meus dedos, nem acariciariam minha pele. Não se emocionariam ao me verem e não se despetalariam desesperadamente por mim.
Queria dar-lhes este prazer, o prazer de me receberem.
Nunca fui dada a nenhuma flor em especial. É claro que algumas vezes uma ou outra me ganhou em ocasiões formais que requeriam que eu fosse entregue a elas, mas me pegaram sem emoção, como se estivessem recebendo qualquer outra pessoa. Eram indiferentes e desejavam, por vezes, jogar-me fora. Recebiam-me por educação. Achavam-me pálida, sem graça. Eu não tinha sido pensada especialmente para elas e era este o meu sentimento de dor.
Queria, um dia, ser recebida e acolhida por flores. Queria ser escolhida para elas e poder oferecer minha essência mais profunda. Queria que meus segredos fossem sorvidos por suas pétalas sensíveis e que elas, então, irradiassem a minha beleza, para que todos pensassem que delas é que vinha a cor e o perfume.
Que pena das flores!

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